domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nos tempos atuais, o contato com a tecnologia tem sido observado cada vez mais cedo entre os indivíduos da sociedade. Onde antes haviam crianças brincando com carrinhos ou fazendo perguntas a pessoas mais velhas, temos crianças jogando videogames e fazendo pesquisas em computadores. A necessidade de contato físico faz-se cada vez menos utilizada em certos procedimentos, uma vez que alguns "cliques" podem, facilmente, evitar uma longa viagem ou uma simples caminhada até uma agência bancaria ou até mesmo a um cinema.

            Essa facilidade de acesso na qual desfrutamos hoje é responsável pelo que pode ser chamada de "evolução precoce" dos indivíduos. Ora, uma biblioteca com milhares de obras pode ser encontrada em qualquer casa que possua um computador e um usuário qualificado, usuário esse que tem se tornado cada vez mais jovem com o passar do tempo. A expressão "essa criança nasceu mexendo no computador", que é muito utilizada pelos pais, está cada vez mais próxima de se tornar uma realidade. A geração de jovens que temos hoje são, graças a esses meios de comunicação, naturalmente mais aptos a um crescimento intelectual, enquanto os mais velhos devem se atualizar frequentemente para acompanhar o ritmo gradativo da sociedade que se encontram.

            Esse tem sido o caminho trilhado por nós, caminho esse que não tem mais volta, já que, "voltar" é, literalmente, por em risco todo o avanço intelectual que atingimos. Mas, por que voltar é tão arriscado? Ora, se temos em mãos ferramentas que nos permitem reduzir o tempo de cumprir certas atividades com o mesmo resultado ou até melhor, por que deixaríamos de usá-las? Por exemplo, anos atrás as câmeras fotográficas só utilizavam rolos de filmes, esses nos quais deveriam ser revelados; porém o processo demorava um longo período. Ao contrario, hoje temos câmeras fotográficas digitais, e o período que demoravam para obtermos a imagem capturada foi drasticamente reduzido, e essas fotos ainda podem ser devidamente "alteradas" de acordo com o gosto do fotografo pra qualquer que seja sua finalidade. No ritmo gradativo de avanços tecnológicos e intelectuais no qual estamos, cada nova expansão, ou atualização, cria, consequentemente, uma ou mais direções para uma nova atualização, e essa cria outra e assim sucessivamente. E essa velocidade de atualizações que vivemos tem seu tempo reduzido a cada vez que ocorre. E hoje alimentamos essa velocidade que se tornou, para nós, uma dependência. Precisamos estar nos aprimorando a todo o momento para estar socialmente e intelectualmente acompanhando as mudanças de nosso meio.

            Vivemos então essa Cibercultura, descrita por Pierre Lévy. Um sistema colossal de redes onde transitam todas as informações acumuladas ao longo do tempo, como se todo conhecimento fosse apenas um. Um momento em que toda e qualquer informação pode ser acessada por qualquer um que esteja disposto a isso e informações que, ao passar pra um conhecimento coletivo, possibilitam avanços em diversas áreas como saúde e tecnologia. Ora, a cura pra alguma doença que assola alguma região já pode ter sido descoberta por outra pessoa em outro lugar, essa informação pode cruzar o planeta em alguns segundos e salvar a vida de varias pessoas, assim como novos métodos de plantio mais eficientes, criados por grandes empresas no ramo da agricultura, podem ser, igualmente, divulgados e, assim, aumentar a produção de alimentos de uma fazenda familiar ou vice-versa. Porém, até o individuo sem intenção de absorver, de fato, um conhecimento acaba por fazê-lo inconscientemente, mas como? Ora, um jovem que navega pela internet pode ter contato com diversos tipos de idiomas simultaneamente e absorve-los sem ao menos ter noção disso. Ele pode não saber a tradução de termos como "On-line" ou "Chat", mas ele sabe o que é. Como dito anteriormente, os jovens já tem uma predisposição intelectual natural de lidar com esses avanços.

            Na educação, a utilização de recursos tecnológicos tem se mostrado cada vez mais evidente, alunos tem a sua disposição equipamentos e documentos audiovisuais que auxiliam na sua formação, como programas que simulam desde efeitos de fenômenos climáticos a uma cirurgia cardíaca nos mais delicados detalhes sem por uma pessoa, de fato, em risco. Isso contribui com profissionais especializados de alto nível para o mercado de trabalho, profissionais esses que, talvez, futuramente possam ser responsáveis por algum outro avanço que beneficie nossa sociedade.

Por Mário Fellipe Marques Maia, graduando em Filosofia pela UFRRJ e componente do grupo PIBID.

Ciberespaço – um novo espaço de sociabilidade, gerador de novas formas de relações sociais.

Temos como conceito básico de ciberespaço, na compreensão do escritor de ficção cientifica o norte-americano Willian Gibson, como o termo que designa “todo o conjunto de rede de computadores nas quais circulam todo tipo de informação, é o espaço não físico constituído pelas redes digitais”. Este termo criado então por Gibson foi utilizado pela primeira vez em 1984 em seu Romance Neuromancer[1].
            Com Pierre Lévy, temos a definição de Ciberespaço (que também o chama de rede) como sendo “o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”.
            Assistimos através de tais definições e da dimensão na qual atualmente o ciberespaço vem atingindo, uma necessária adequação da sociedade, visando uma melhor sintonia com as chamadas “redes” a fim de estarmos atualizados, investigando e simultaneamente disseminando informação. Onde houver troca de conhecimento, haverá certamente maior mobilidade de informações, aproximando pessoas, explicitando questionamentos e abrindo espaço para um debate público e horizontal.
            A partir destas considerações, varias formas de entendimento sobre o que pensamos ser estas novas tecnologias são externadas. Por vezes de forma errônea e catastrófica, entendendo o ciberespaço como um lugar “não-real”, onde os indivíduos se hiper-individualizam em suas cavernas contemporâneas; e o “real” (relação/dialogo presencial) já não parece competir igualmente com a relação “virtual” obtida através de personagens criados a cada instante, onde a troca simultânea de informações e até mesmo a sua própria despersonalização lhe parece mais satisfatória, dizemos então que esta nova forma de sociabilidade é maléfica. Talvez, por julgarmos os fatos sem nos dedicarmos a estudá-los e daí então discursarmos equivocadamente.
            Lembrando o romance de Gibson (Neuromancer) onde o mesmo relata a história do protagonista Case que em meio a uma série de venturas e desventuras relaciona-se com outros humanos e com máquinas através da rede de computadores que compõem o Ciberespaço, vivendo uma realidade virtual, mas não por isso menos “real”. Pensamos através deste exemplo dizendo que este espaço de interconexão é muito mais que um meio de comunicação; se apresenta atualmente com um caráter muito ampliado, proporcionando aos indivíduos um palco de diferentes representações e práticas societárias. Mas como definir então o que é real e virtual, se salientarmos que estas redes telemáticas proporcionam relações de sociabilidade?
            Para Pierre Lévy “o virtual não se opõe ao real, mas sim o complementa e o transforma”. Sendo assim o virtual não seria o oposto do real, mas sim uma esfera singular da realidade, em que formas diferenciadas de interações sociais acontecem, transformando e ampliando a interação entre os mesmos. A partir desta troca entre os membros destas comunidades virtuais, teríamos não uma relação de superficialidade e ilusão, visto que o virtual não pode ser confundido ao ilusório, ao fantasioso, como é no entendimento de alguns. Pois desterritorializar-se[2] é também permitir o intercambio de conhecimentos, e longe, aqui, de um entendimento de perda de identidade, devemos entender o ciberespaço como um espaço dinâmico, que encurta as distancias possibilitando desenvolvimento e transformações numa dimensão socioeducativa, por exemplo.
            Logo, poderíamos pensar apocalipticamente o ciberespaço?
            O tom a cerca deste discurso ainda se faz confuso e divide opiniões. Porém é necessário que entendamos o que é o Ciberespaço, e qual sua função seja ela política, econômica ou cultural. Pois a prostração frente a estas mídias, sem que também nos questionemos sobre sua função social pode levar-nos a uma aceitação do “todo” sem a compreensão devida. Sabendo que o ciberespaço é conceituado como um instrumento globalizante, logo precisaremos distinguir as mensagens e não nos tornarmos discípulos de tendências dominantes.
            Destarte, a importância de salientarmos as transformações perceptíveis que vão se manifestando no comportamento dos indivíduos, e que esta mudança indique não apenas um conhecimento trivial sobre a importância destas novas mídias, mas que a mudança sugira intervenção dos mesmos com a coisa. Pois como diz Lévy, “o ciberespaço representa um estágio avançado de auto-organização social, ainda que em desenvolvimento - a inteligência coletiva -. O Ciberespaço aparece como um espaço do saber, em que o conhecimento é o fator determinante e a produção contínua de subjetividade é a principal atividade econômica.”.
            Contudo, este novo referencial de espaço, marcado por um tipo de sociabilidade própria, gerador de novas formas de relações sociais esta aí para que pensemos e possamos rever os valores humanos e tão logo percebamos a amplitude de transformações, estas conseqüentes de produções humanas. Por fim, fica uma reflexão a se fazer: a ausência de valores éticos e morais podem ser um dos grandes problemas a se pensar, como leitor, usuário do ciberespaço e indivíduo inserido num novo tempo e num novo espaço social.









[1] Livro de ficção científica que introduziu novos conceitos para a época. Onde trata de uma realidade que se constitui através da produção de um conjunto de tecnologias, enraizadas na sociedade, e que acaba por modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela estão inseridos.
[2] Termo aqui utilizado no sentido de fluxo e de hibridismo cultural. Sem estarmos descartando o fato de as novas tecnologias moveis fomentarem também processos de reterritorializações. Visto que neste texto não levamos em conta a historicidade da palavra e evolução do seu conceito e contexto.

Por Patrícia Boeira - graduanda em Filosofia pela UFRRJ, e componente do grupo PIBID

Vanilla Sky e a dúvida cética

Sugestão de filme para trabalhar a dúvida cética.  

Título Original: Vanilla Sky 
Tempo: 137 
Ano de Lançamento: 2002 
Elenco: PENELOPE CRUZ , TOM CRUISE & KURT RUSSELL e CAMERON DIAZ 
Direção: CAMERON CROWE 
Recomendação: 12 anos


Engano, estar enganado implica em não saber que se está sendo enganado. E com isso, como poderemos nos assegurar de nossa realidade? E se tudo isso, que entendemos por realidade, for uma grande ilusão. Frente a esse argumento, ou jamais o saberemos, ou um dia, quem sebe, descobrimos a verdade – sem garantia de certeza. A dúvida cética é, entre outras coisas, um tanto curiosa. E para os que estão dando seus primeiros passos na filosofia – já que não é exigido tanto rigor – pode fazer parte de uma discussão muito atraente.
O filme “Vanilla Sky” é Baseado no roteiro "Abra Los Ojos", que deu origem ao filme espanhol "Preso na Escuridão", o filme foi gravado com algumas alterações, alterações essas, que favorecem a proposta de indicação a esse filme, pois o torna mai simples e direcionado ao que nos interessa. “Vanilla Sky” é sem dúvida uma boa ferramenta para trabalhar esse tema, pois nos atira nesse jogo de pensamento. A trama não segue uma linha cronológica convencional, e para alguns pode ser um pouco confuso. Mas ainda assim é muito pertinente. Cabe ao professor assistir, e avaliar se vale a pena bolar uma atividade. Só peço que não subestimem seus alunos, pois por subestimá-los os privamos de muitas oportunidades.


Sinopse

Jovem, bonito e rico, o poderoso editor David Aames pode ter tudo que seu coração deseja. Mesmo assim, sua vida encantada parece incompleta. Uma noite, ele conhece a mulher de seus sonhos e acredita que achou a peça que faltava. Porém, um fatal encontro com uma amante ciumenta põe o mundo de David fora de controle, deixando sequelas que acompanham toda trama do filme.


(Postado por Erick Costa)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mente Vazia...


Já diz o ditado popular: mente vazia, oficina do diabo. Mas, o que realmente isso quer dizer?
O quadro do pintor espanhol Goya intitulado “O sono da razão produz monstros” reflete muito bem esse pensamento. Quando não utilizamos nossa capacidade intelectual, estamos a mercê de monstros. Estes aparecem em forma de preconceito, de tabus, de credos sem fundamento.
A mente vazia, que muitas vezes é uma vítima da alienação, está sujeita a eterna submissão e interferência desses monstros. Dessa forma, nunca teremos nossos próprios pensamentos, nossas próprias idéias, estes sempre estarão carregados desses preconceitos, tabus. Ou seja, seremos eternamente pessoas alienadas, sem opinião própria e altamente influenciáveis.
A única forma de nos libertar dessa prisão de monstros é possuir uma mente bem informada, ocupa-la com algo que realmente irá valer a pena, desse jeito teremos capacidade de argumentar, saberemos discernir as informações que são relevantes das irrelevantes.

Esta é a interpretação de Sergio Paulo Rouanet sobre o quadro de Goya:

“A coruja tirânica que quer impor sua vontade ao artista é a razão narcísica do hiper-racionalismo. Os morcegos são as larvas e os fantasmas do irracionalismo. Dois animais deficitários, truncados. O morcego tem uma audição aguda, mas é cego. A coruja enxerga de noite, mas não de dia. Falta um terceiro animal na zoologia de Goya, mais completo. Não, não falta. Ele está no canto direito, enorme, olhando fixamente o espectador. É um gato. O gato ouve tudo e tem uma visão diurna e noturna. Sabe dormir e sabe estar acordado. E sabe relacionar-se com o Outro, sem arrogância, ao contrário do seu primo selvagem, o tigre, e sem servilismo, ao contrário do seu inimigo domestico, o cão. É a perfeita alegoria da razão dialógica, da razão que despertou do seu sonho, é atenta a todos os sons e todas as imagens, tanto do mundo de vigília como do mundo onírico, e conversa democraticamente com todas as figuras do Outro, sem insolência e sem humildade”.

ROUANET, Sergio Paulo. A Deusa Razão. In: NOVAES, Adauto (Org.) A Crise da Razão. São Paulo: Companhia das Letras; Brasília, DF: Ministério da Cultura; Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte, 1996, pp. 298-299).



(Postado por Camila Oliveira)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Série: Breve Vida e Obra – Parte 2

Um novo vídeo dessa série do site café filosófico. Dessa vez com o filósofo Aristóteles.





(Postado por Camila Oliveira)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Série: Breve vida e obra


O blog Café Filosófico disponibiliza  uma série de curtas em animação, da vida e obra de alguns filósofos. Para os alunos que gostam de filosofia e animação, e os professores que pretendem deixar suas aulas um pouco mais interativas está ai a dica.

Confira!


Café filosófico - série vida e obra



(Postado por Erick Costa)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrevista com Viviane Mosé

‘Para viver da filosofia, é necessário talento e paixão’, diz filósofa
Viviane Mosé cursou psicologia, mas se encontrou na filosofia.
Ela conta as possibilidades da carreira que exige muita leitura e dedicação.

Fonte: Site G1

Ela arriscou, trocou a carreira de psicanalista pela filosofia e hoje vive só de seus cursos, palestras, consultorias. Viviane Mosé, 43, diz que para viver da filosofia é necessário talento e paixão e dá dicas a quem pretende fazer o curso: “Se você não sabe se ama, teste primeiro. Se sentir que aquilo te fortalece, você vai ser um bom professor”.

No programa "Fantástico", da Rede Globo, Viviane apresentou a série “Ser ou não ser”, que levava a filosofia ao cotidiano. E hoje, a filósofa, poeta e psicóloga é chamada para as mais diferentes tarefas: desde palestras a atores da novela “Paraíso Tropical” até consultorias para executivos. Lei a entrevista.


G1 – Por que a senhora decidiu fazer filosofia?
Viviane Mosé -
Não fiz a graduação em filosofia. Fiz psicologia, e escolhi quando tinha 16 anos. Queria alguma coisa que fosse vinculada com o pensamento, que tivesse de ler mais do que qualquer outra coisa. Em Vitória, de onde vim, não tinha filosofia. E eu mal sabia o que eram os cursos. Fui meio na intuição. Mas, no primeiro dia de aula, tive a matéria de introdução à filosofia. Marcou: era aquilo que eu queria.

G1 – E fez toda a faculdade?
Viviane –
Fiz, mas fui monitora durante os cinco anos da disciplina de filosofia. Foi paixão imediata pelo pensamento, elaboração, pelo conceito. Daí, vim para o Rio e fiz mestrado e doutorado.

G1 – O que a senhora decidiu estudar na pós-graduação?
Viviane -
Já saí do curso de psicologia, com a intenção de estudar Nietzsche. No primeiro dia de aula na Federal do Espírito Santo (Ufes), estudei o existencialismo, que tem filósofos que trazem mais a questão da vida, da morte, da falta de sentido das coisas. E saí com essa idéia para o mestrado e o doutorado. Nunca imaginei que fosse dar aula de filosofia. Estudava pelo gosto. Virei psicanalista e já tinha meu sustento daí. 

G1 – Como foi que largou a psicanálise?
Viviane –
Para mim, só estudar filosofia já me deixava feliz. Aquilo me salvou das minhas angústias; foi maravilhoso. Quando comecei, fui dar aula de filosofia para atores. Já era poeta e tinha um reconhecimento. Fizemos o primeiro grupo de aulas e a gente fazia por prazer. Depois foi abrindo mais turmas.

G1 – Como foi fazer a série na TV? E depois, mudou muito sua vida?
Viviane -
O que eu mais pegava era uma coisa poética. Se a Dona Maria não entendia claramente o que estava sendo dito, ficava alguma coisa, ficava no afeto dela. Tentava atingir a inteligência racional e a emocional. Mas depois que fiz a série até diminuiu o número de alunos. Acho que muitos pensaram que eu cobrava caro [risos]. Hoje faço mais palestras, viajo.

G1 – Que tipo de palestra a senhora faz?
Viviane -
Em todas as áreas, comercial, novela. A última foi em “Paraíso Tropical”. Falei sobre o erotismo, Copacabana, sobre o que é o erotismo na vida da pessoa. Semana passada fiz para o encontro anual da área de esporte da TV Globo. Falei sobre o novo ser humano, sobre quem é nosso telespectador, sobre a importância do esporte no momento em que a gente vive.

G1 – Qual o perfil que deve ter quem vai cursar a graduação? Por que fazer filosofia?
Viviane –
Quando vim para o Rio, meu orientador me perguntou por que eu estava cursando. E eu respondi que era porque eu “precisava”. Filosofia não é um curso que se faz porque acha bonito. Para viver dela, a filosofia é como a pedagogia: é talento, é vontade. É uma carreira solitária, porque tem de ler muito. Exige um rigor muito grande de leitura. Se você não ama, como vai refletir, desdobrar? Você tem de observar a situação e ver o que ela carrega de sentido. É árido, é difícil. Não acho que exista uma dificuldade intelectual, mas difícil é ter disponibilidade afetiva para ficar muito tempo estudando. Meus amigos não entendiam que eu passava o fim de semana estudando. Mas se você não sabe se ama, teste primeiro. Se sentir que aquilo te fortalece, você vai ser um bom professor.

G1 – Não é muito difícil escolher filosofia aos 16, 17 anos de idade?
Viviane –
Até é possível, porque muitas pessoas muito cedo já percebem que esse é o caminho delas. Mas isso é mais exceção. Se a pessoa já teve aulas no segundo grau, até pode se encaminhar para o curso. É muito comum fazer outro curso e ir para filosofia.

G1 – Como é o mercado para quem cursa filosofia?
Viviane -
Hoje a filosofia está indo para ambientes diferentes, mas é necessário talento. Muitos podem contratar alguém que desenvolveu capacidade de analisar situações. Quando o mercado era mais determinado, não era assim. Mas no mercado financeiro, nas tecnologias e na relação com a moral, não se sabe mais o que é o dia de amanhã. Nessa instabilidade, quem pode questionar, pensar, avaliar situações de risco é o filósofo.

G1 – Onde estão esses empregos?
Viviane -
A maior parte é em empresas. Mas precisa ser alguém que não aprenda os textos e saiba apenas dar aula. Tem de ir além. Precisa ser alguém que possa ajudar executivos a desenvolver a reflexão e a crítica.




(Postado por Michel Franco)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


            Uma demasiada velocidade na transformação dos saberes permite constatar pela primeira vez na história da humanidade que uma grande parte de conhecimentos adquiridos durante sua carreira irá cair em desuso, será antiquado por conta dessa mutação constante do know-how. Pierre Lévy argumenta sobre uma nova natureza de trabalho que se resume na transição de saberes, produzir conhecimentos e que de outra forma podemos entender que trabalhar consiste em aprender cada vez mais. Dentre toda essa aplicação da cybercultra em nosso mundo contemporâneo observamos tecnologias intelectuais que amplificam a função cognitiva humana, como é demonstrado no artigo de Lévy: a memória (bancos de dados, hipertextos, fichários digitais) a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais, tele presença, realidades virtuais, os raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos).

         Dentre esses itens demonstrados, o que percebo também como mais enfático de todo esse desenvolvimento da cybercultura é uma mera analogia com nossas capacidades cognitivas, entretanto, mais amplificadas e aperfeiçoadas. Graças a essas tecnologias, a aproximação do conhecimento se torna muito mais acessível que outrora, tendo em vista que não é mais necessária uma dedução lógica, ou uma inferência para obter-se conhecimento. Uma verdadeira fábrica de saberes industrializados, com permissão da metáfora aludindo a uma produção de conhecimentos industriais de fácil acesso. O que também não deixam de ser conhecimento no sentido epistemológico. 

          Segundo as palavras de Lévy e com a minha observação podemos examinar uma modificação do saber que outrora poderia ser denominado como abstrato transcendental e agora está se tornando cada vez mais palpável, tangível a todos; podendo ser expresso por uma população. Através das páginas da WEB podem ser expressos, articulados os conhecimentos adquiridos via ciberespaço. Sendo assim suas páginas digitais análogas às páginas de papéis no sentido de divulgar o saber.
Com efeito, toda essa comunicação virtual estabelecida pelas vias da Web, a criação de redes sócias com cada vez mais entretenimento de uma maneira mais grosseira a viciar os “viajantes da rede” (expressão minha) está em minha opinião ao contrário da levantada por Pierre Lévy afastando uns dos outros, tornando-se essas imensas redes sociais um mundo no qual não parece existir vida além dele. Contudo, não podemos de maneira alguma sustentar um argumento visando somente um lado extremo da situação. A facilidade que obtemos na comunicação, no processo de divulgação de reuniões, na organização de colóquios é exuberante. Agora nos comunicamos com quem está do outro lado do mundo sem sair do nosso próprio quarto. Ou se quisermos podemos até acessar a internet em qualquer lugar do mundo através da ferramenta da internet 3G e obter todas as informações locais e exteriores com apenas alguns movimentos delicados dos dedos. De certa forma o que chamamos de “passar o tempo todo em frente ao computador” soa mais pejorativo do que “passar horas em frente ao livro numa leitura inebriante” visto que, o contato com o discurso direto de um livro, todo o universo que está contido naquelas folhas de papel nos transmite conhecimento e experiências mais imediatas e acredito ser mais reais.
Por conseguinte, os sistemas de educação estão sofrendo hoje em dia com as novas obrigações de acordo com a quantidade, a velocidade e a diversidade que se encontra a evolução do saber. Em questões quantitativas nunca foi tão grande a procura por formação. Para isso pensamos em diversas formas de divulgar o saber para os alunos, mas não pensamos também que toda essa forma de aprendizado virtual requer custos e custos altos e não são todos os países que possuem uma economia rentável para absorver esse novo modelo de educação. Sendo assim como ficariam os países pobres da África, alguns países da América do Sul? Enfim, esse não é o tópico de discussão, mas sim uma reflexão posterior às leituras.
Com toda diversidade e facilidade de se obter formação e conhecimento, devemos entre todos esses adquirir uma forma em que se encaixe nas escolas, de entreter os alunos como se estivessem em seus mundos virtuais quando estão “logados” em suas redes sócias. Por exemplo, as aulas multimídias, audiovisuais que fornecem todo um aparato para cobrir as necessidades que tem o “aluno”.  

 Por Thiago Barros, graduando em Filosofia pela UFRRJ. Projeto "PIBID", 2010.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

E pra você, o que é Filosofia?


De Noel Rosa, interpretada por Paulinho da Viola. "Filosofia"!

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Política Aristotélica

               Aristóteles escreveu dois grandes trabalhos sobre a ciência política: "Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no Liceo e registradas por seus alunos, e a "Constituição de Atenas", obra que só se tornou mais conhecida, ainda que em fragmentos, no final do século XIX, mais precisamente em 1880-1, quando foi encontrada no Egito; registra as várias formas e alterações constitucionais que ela passou por obra dos seus grandes legisladores, tais como Drácon, Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como uma história política da cidade.
                A "Política" (Politéia) divide-se em oito livros, que tratam: da estrutura da cidade, da escravidão, da família, das riquezas.E também idealiza qual é o modo de vida mais desejável para as cidades e os indivíduos. Conclui a obra com a finalidade da educação e a importância dos assuntos a serem lecionados.
                "O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos quando afastado da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o homem nasce dotado de armas para serem bem usadas pela inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido inteiramente oposto. Logo, quando destituído de qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais, e o pior em relação ao sexo e à gula"
Aristóteles - "Política", 1252 b
                A política aristotélica é fundamentalmente ligada à moral, porque o fim último do estado é a virtude, que tem como objetivo a formação moral dos cidadãos. O estado é um organização moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, entretanto, é diferente da moral, por esta ter como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. A finalidade da política seria a de descobrir a maneira de viver que leva à felicidade humana.
                O bem comum seria superior aos bem individuais. Seria através do estado que o individuo conseguiria a satisfação de todas as suas necessiadades, já que o homem, sendo naturalmente animal social, não pode ser perfeito sem a comunidade.
                Quanto à forma do estado, Aristóteles aponta três principais: a monarquia, que é o governo de um individuo, cujo caráter e valor estão na unidade, e sua degeneração é a tirania; a aristocracia, que é o governo de poucos individuos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e sua degeneração é a oligarquia; a democracia, que é o governo de muitos individuos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e sua degeneração é a demagogia. Aristóteles prefere uma república democrático-intelectual que é a forma clássica do governo da Grécia.


O link para baixar o livro A Política de Aristóteles:
http://www.megaupload.com/?d=BQI95YOU



(Postado por Sulamita Vicente)

Dica de Filme - Crash - No Limite

Título original: (Crash)
Lançamento (EUA): 2004
Direção: Paul Haggis
Atores: Karina Arroyave, Dato Bakhtadze, Sandra Bullock, Don Cheadle
Tempo de Duração: 113 minutos
Gênero: Drama
Classificação: 14 anos
Sinopse: Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha.

Comentários do Filme:
"Crash" é um filme sobre tensões raciais e sociais, apresenta personagens heterogêneos vivendo em "mundos" diferentes dentro dos limites de uma mesma cidade (Los Angeles) onde esses "mundos" diferentes entram em conflito. As personagens têm noções preconcebidas sobre as pessoas de uma etnia particular ou as pessoas de uma região geográfica e essas noções não são amigáveis o tempo todo. Essa é uma das possíveis mensagens que o filme pode nos passar. O julgamento próprio pode ser errático às vezes ou o forçamento das circunstâncias pode não ser amigável. É a representação de uma sociedade multicultural construída no racismo e na desigualdade, que limita a justiça social. Neste filme o preconceito e a estereotipagem são predominantes ao discutir direitos legais e direitos morais. A situação social influência de forma decisiva nas escolhas dos indivíduos. Este filme pode ser uma opinião muito pessoal e particular do diretor, sendo a visão de mundo dele, mas que pode nos levar a alguns questionamentos: Que é racismo? Por que existe? Quem o cria? Porque a raça é um dos maiores problemas dos relacionamentos entre povos? Este filme provoca um diálogo sobre a "raça" que de acordo com alguns críticos foi o anátema a Hollywood após 11 de Setembro.



Fonte: http://www.filosofia.com.br/vi_filme.php?id=22

(Postado por Débora Ferreti)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dica de Filme - Obrigado Por Fumar



Título original: (Thank you for smoking)
Lançamento: 2006 (EUA)
Direção: Jason Reitman
Duração: 92 min
Gênero: Comédia
Sinopse: Nick Naylor (Aaron Eckhart) é o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros, ganhando a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos. Desafiado pelos vigilantes da saúde e também por um senador oportunista, Ortolan K. Finistirre (William H. Macy), que deseja colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros, Nick passa a manipular informações de forma a diminuir os riscos do cigarro em programas de TV. Além disto Nick conta com a ajuda de Jeff Megall (Rob Lowe), um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o cigarro seja promovido nos filmes. Sua fama faz com que Nick atraia a atenção dos principais chefes da indústria do tabaco e também de Heather Holloway (Katie Holmes), a repórter de um jornal de Washington que deseja investigá-lo. Nick repetidamente diz que trabalha apenas para pagar as contas, mas a atenção cada vez maior que seu filho Joey (Cameron Bright) dá ao seu trabalho começa a preocupá-lo.



Comentário sobre o filme:

Irônico e sarcástico do começo ao fim, o filme trata, acima de tudo, de retórica e persuasão. O cigarro e o lobista que age a favor da indústria do fumo são bons artifícios para fazer refletir sobre a cultura da manipulação de informação. Apesar de politicamente incorreto, ninguém fuma na tela.
[Rubens Ewald Filho]



Minhas considerações sobre o filme:

"Obrigado por fumar" é um filme bem claro e engraçado nas suas críticas. Usando a "caça" aos produtores de tabacos como plano de fundo, o filme é voltado para o personagem Nick Naylor, Lobista que representa a Academia de Estudos Sobre o Tabaco. Logo é ele que revela o avanço das pesquisa que na verdade são financiadas pelos próprios produtores de tabaco.


A manipulação de informação, e os apelos vindos dos grupos, pró e contra, ao tabaco podem ser utilizado facilmente em sala de aula, para iniciar uma discussão a cerca da informação que é difundida pela mídia e redes sociais. O que pode levar o participante a questionar suas fontes de informação e discutir, obviamente, outros assuntos extremamente defasados pela mídia, como por exemplo a regulamentação da venda de maconha, o aborto, e o uso de células tronco.
Tudo o mais que for dito sobre o filme acabará por tirar a beleza do enredo irônico. Portanto está aqui uma ótima dica de filme para se trabalhar em sala de aula, lembrando que a censura é 12 anos.

Cena do filme que mostra bem o que se esperar:



(Postado por Miécimo Ribeiro)

Maquiavel

O interesse dos alunos sobre o Filósofo Nicolau Maquiavel é enorme. Então aí está o livro O Príncipe: http://www.megaupload.com/?d=ZEOTFYU6

Definir Maquiavel em uma só obra é impossível. Mas analisando O Príncipe, uma de suas obras mais importantes, é inevitável perceber que ele foi responsável por uma nova maneira de observar a ciência política.
De certa forma, Maquiavel vai “iniciar” a política afastada da ética. Ele nunca chegou a pronunciar ou escrever a famosa frase atribuída a sua pessoa: “os fins justificam os meios”, mas pode-se dizer que essa é uma boa maneira para pensar O Príncipe.
Antes a política se submetia a ética (no caso de Aristóteles a política é uma questão ética) em Maquiavel a ética se submete a política.
Para o pensador, política é uma espécie de ciência e quem segue as regras, alguns princípios de prudência, tem grandes chances de prosperar.



(Postado por Camila Oliveira)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Mentira Em Debate


Após alguma reuniões em que todo o grupo debateu sobre qual seria a melhor forma de interagir com os alunos do 3º ano do Colégio Estadual Presidente Dutra, de forma a aproximar e apresentar o campo do pensamento filosófico, chegamos a um ponto que nos pareceu que poderia render bons frutos, o “Cine x Debate”. A idéia se mostrou eficaz em nossa primeira tentativa. A utilização de fontes alternativas como forma de preencher a lacuna entre o pensamento do professor e do aluno para que todos possam pensar juntos é fundamental, mas isso não exime do professor a sua capacidade de atuação no campo do pensamento e, sim, auxilia. De uma maneira geral, o grupo se manteve unido, cada um colaborando e preenchendo com significativa importância o pensamento do outro, abrindo sempre novas possibilidades e expandindo os horizontes de conhecimento.


Fica aqui o agradecimento aos meus colegas de grupo: Christofer, Demetryus e Miécimo Ribeiro, por compartilharem comigo essa primeira experiência e também à Professora e Coordenadora do projeto na escola Andreia e à Professora Rosangela, responsável pela turma, que nos proporcionaram essa chance, sem esquecer dos nossos amigos alunos do C.E. Presidente Dutra.

E foi numa conversa informal que chegamos ao filme “A invenção da Mentira”, que foi o escolhido para inaugurar nosso primeiro diálogo com os alunos. O filme se passa numa realidade onde não existe mentira, todas as pessoas falam somente a verdade, o que rende boas gargalhadas pelos seus diálogos carregados de uma graça ácida e muitas vezes cruel. O ponto-chave da trama é exatamente a invenção da mentira pelo protagonista, fato que muda toda sua vida transformando-o no homem mais poderoso do mundo, já que é o único capaz de ‘falar algo que não é’, como ele mesmo define. Após o filme, propusemos um questionário para que refletissem em casa, mais para situar os alunos em qual seria o centro de discussão, e na aula seguinte fizemos o debate. As perguntas foram as seguintes:

1. Como observado no filme, não há mentira no que as pessoas dizem. Embora por uma abordagem cômica, o filme reflete um mundo, de certa forma, triste e caótico. Na sua opinião, qual a importância da mentira e em que momentos ela torna-se algo positivo?


2. O filme demonstra de maneira sutil que, diretamente ao fato de não conseguir mentir, o indivíduo apresenta, também, como principal característica para não fazê-lo, a falta de criatividade, o que fica bastante claro, por exemplo, na forma como são feitos os filmes neste “mundo imaginário”.Você concorda com esta afirmação? É possível conseguir mentir sem ter inspiração criativa?

3. Aproveitando a questão 2, disserte sobre os principais pontos do filme em que você percebeu que algo poderia ter ocorrido de maneira diferente se houvesse o uso da criatividade por parte dos indivíduos.

4. Comente sobre a questão religiosa abordada no filme, que fica clara no momento em que Mark afirma conversar com “o cara que vive lá em cima”. Para você esta crítica está com maior tendência para o ataque religioso ou seria uma forma de ampliar os horizontes do espectador, sem desrespeitar suas crenças?


5. Por fim, descreva sua impressão sobre o filme apresentado, o que você pôde absorver dele, o que você gostou (ou não), enfim... Dê sua opinião, como se fosse uma crítica ou resenha sobre o filme, mas sinta-se livre para fazê-lo da forma que achar mais conveniente.

O debate se desenrolou por meio da discussão estética, ética e religiosa que o filme proporciona; A importância da criatividade no pensamento humano como forma de expansão foi o principal ponto discutido, sendo ela um fator fundamental tanto para a arte quanto para a ética das relações cotidianas. Falou-se também dos usos da mentira e do poder do discurso em seus vários âmbitos: político, religioso e interpessoal.

O filme, partindo da idéia de trabalhar um único conceito – a mentira – à primeira vista pode parecer simples, mas se demonstra genial ao longo da obra e, como se pôde perceber, rende discussões das mais diversas. Fica aqui então a dica para quem quiser, além de dar boas risadas e apreciar um romance, pensar!


A invenção da mentira - Trailer.


*O vídeo contém alguns erros na tradução e o título não está em sua tradução literal, pois o nome oficial utilizado no Brasil é "O Primeiro Mentiroso", porém o vídeo permite compreender a atmosfera na qual gira o filme.




(Postado por Vinícius Vieira)

Domínio Público

Certamente você já deve ter ouvido falar em Direitos Autorais, ou Copyright. Estes são termos legais que compreendem a proteção, através de registro, à obras de cunho intelectual, abrangendo toda produção artística, literária ou científica. Através dessa preservação de direitos o autor possui total detenção sobre o uso e distribuição de sua obra, sendo proibida a comercialização, utilização de trechos, adaptação ou inclusão em outras obras, desde que haja autorização prévia do autor, normalmente sob acordo que gere lucro comercial para o mesmo, com devida documentação de concessão para utilização das mesmas. É através desta lei que autores que sentem-se lesados pelo uso inapropriado de suas obras, desde que devidamente registradas em órgãos competentes, possam mover ações judiciais e garantir o ressarcimento pelo uso indevido de sua produção intelectual. Deve-se, também, à este conjunto de regras sobre direitos autorais (que, inclusive, possuem variações em cada país) as intermináveis discussões sobre pirataria, especialmente em tempos atuais, onde a internet é, indiscutivelmente, a maior detentora de conteúdos e obras intelectuais e possibilita a qualquer usuário, sem muito esforço, tanto obter, quanto repassar conteúdos ilegalmente, ou seja, sem atribuição comercial ao autor da obra, de forma gratuita.

O que poucos sabem é que existe, também, uma lei muito bacana que visa atenuar tais problemas citados anteriormente. Esta lei é a LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998que regulamenta, especificamente no Brasil, que obras caiam em Domínio Público. Através desta lei, os direitos autorais passam a ser de domínio público após setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao falecimento do autor. Além das obras em que o prazo de proteção aos direitos excedeu, pertencem ao domínio público também: as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores e as de autor desconhecido. Existem diversas outras regrinhas que tornam uma obra domínio público (que variam de país para país, inclusive no que se refere aos anos que devem ser aguardados), assim como iniciativas de artistas ainda vivos para tornar obras mais acessíveis, ou até mesmo abdicarem totalmente de seus direitos, como por exemplo a iniciativa Creative Commons. Mas não entrarei muito em detalhes com relação a isso.

Na verdade tenho duas intenções com esse post: a primeira é a de esclarecer o que é, afinal de contas, esse tal Domínio Público e a segunda é dar uma dica muito bacana que tenho certeza que você que está lendo, se ainda não conhece, vai gostar bastante!

Mas então, que diferença tem uma obra protegida por Copyright da de Domínio Público?

Bom, a primeira resposta é óbvia: Você pode baixar diversos conteúdos sem peso na consciência de estar desacatando a lei, o que vai te livrar de possíveis processos judiciais e pagamentos de multa, o que é muito interessante, concorda? Mas e daí, acaba por aí (você deve estar perguntando)? A resposta é não! Obras em domínio público são muito bacanas porque permitem que diversos artistas utilizem as mesmas ou trecho delas, para suas próprias composições originais intelectuais. É possível utilizar músicas de domínio público em filmes, trechos para compor novas músicas, ou até mesmo regravá-las e fazer suas versões ou remixes. Também é possível utilizar trechos de livros, ou completos, e poemas para musicá-los, ou estampar em camisetas para vender. Também pode-se usar livros, ou peças para fazer adaptações teatrais, ou utilizar trechos de filmes para montar o videoclipe da sua banda... Enfim, diversas oportunidades criativas. E o melhor: sem gastar o mínimo tostão, sendo necessário, apenas, fazer referência a obra e autor utilizados, sem a preocupação de encrencar com a justiça!

E agora, vai a dica:

Visando a difusão de obras na condição de domínio público, diversos sites já estão disponibilizando obras para download, onde você fica despreocupado, tanto com o tráfego, quanto com o uso ou reinvenção/adaptação das mesmas. Mas dentre estes, um site que se destaca é o Portal Domínio Público (clique sobre o nome para acessar o site). Este portal é uma iniciativa do governo que possui em seu acervo nada menos do que 10 mil arquivos de texto e 4 mil arquivos de outras mídias, dentre elas imagem, som e vídeo, sendo que estas são estatísticas referentes ao início de 2006. Imagine só a quantidade de arquivos que eles possuem agora? Dentre os destaques do portal temos a obra completa de Machado de Assis, Shakespeare e A Divina Comédia completa, ambos em português, diversas composições musicais eruditas, brasileiras e estrangeiras, como Mozart, por exemplo, e por aí vai!

O portal é muito bacana e vale muito à pena dar uma conferida! Espero que tenha esclarecido algumas coisas para quem não conhecia e faço votos que se divirta descobrindo diversas obras de utilização e distribuição livre. Boa pesquisa!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Teste seu Conhecimento em Filosofia

Simulado com trinta questões de vestibular e ENEM.

 Disponivel para download

Plano bimestral

Faça o download do plano de aulas que fiz.
Referente ao texto - Iniciação à filosofia: política, educação e conhecimento em Platão


(Postado por Erick Costa)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dica de Filme - Dogville

Título original: (Dogville)
Lançamento: 2003 (França)
Direção: Lars Von Trier
Atores: Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, Jean-Marc Barr.
Duração: 177 min
Gênero: Drama








Aqui vai uma dica de filme que acredito ser um daqueles que todos deveriam assistir ao menos uma vez na vida. Devo confessar que dentre todos os filmes que pretendo sugerir, este não poderia deixar de ser o primeiro, pois é o meu preferido!

Existem vários motivos para que eu tivesse elegido o mesmo como predileto, mas dentre eles, existe um principal que posso citar: o engajamento social.

De um modo geral o filme trata da dinâmica entre as relações sociais e denúncias sobre os problemas que estas podem acarretar, tendo como personagem principal no desenvolvimento da trama a jovem Grace, interpretada por Nicole Kidman, que acaba por encontrar na vila um refúgio, após declarar ser fugitiva de perigosos gângsters. A partir daí, em um primeiro momento, os habitantes demonstram sua hospitalidade, mas, ao passar do tempo, percebendo que a jovem vai ficando, cada vez mais, encarcerada, em consideração à impossibilidade de sair da vila pelo receio de ser encontrada pelos homens dos quais é fugitiva, os moradores do vilarejo começam a explorar a moça (de todas as formas que possam lhe passar pela cabeça), deixando transparecer todo o lado sombrio e doentio contido nos seres humanos.

A genialidade se manifesta de várias maneiras, a começar pelo cenário, que se limita a um galpão com linhas desenhadas no chão (isso mesmo! nada de paredes, ou portas, apenas alguns objetos), delimitando os espaços entre as residências e as ruas, deixando transparecer uma forte influência teatral minimalista, onde volta-se total atenção para a atuação e os personagens, conferindo aos mesmos uma carga muito maior, já que o pouco (ou quase nenhum) cenário acaba por ficar em segundo plano. Desta maneira, o diretor consegue voltar a atenção do espectador para o que realmente importa, o comportamento, as relações sociais, a desumanidade humana.

Além disso, existem vários elementos que criticam, em especial, a moral estadunidense (embora possamos identificar tais elementos em qualquer ser humanos, de qualquer nacionalidade), elementos filosóficos, como questões de altruísmo (ou sua falta) e conflitos entre éticas pessoais e regras morais sociais, que se reforçam com o conjunto de exigências cada vez maiores dos habitantes e da permissividade de Grace, que acredita ser necessária a submissão em virtude de sua condição.


Fato é que, se desejasse enaltecer todos os pontos importantes do filme, além de fazer comparações e referências das mais diversas, esse post ficaria tão extenso que, talvez, seria até mesmo desnecessário assistir o filme. E só assistindo mesmo é possível compreender, em essência a densidade do filme e as milhares de discussões que o mesmo suscita. Experimente assistir com a companhia de 2 ou 3 amigos e você perceberá que mudar de assunto será muito difícil por um longo período de tempo (horas, talvez!).

Gostaria de terminar esta postagem, primeiramente fazendo um aviso: O filme é daqueles que secam a garganta, recheado de cenas amargas, dentre elas uma cena fortíssima de estupro. Não encontrei classificação para o filme, mas acredito que 16 anos seria uma boa idade mínima.

E, por fim, lembrar que estamos a todo tempo rodeados por pessoas expondo aquilo que elas têm de melhor, mas também de pior. Quantas vezes já nos sentimos injustiçados em nossa família, comunidade, trabalho, escola, faculdade, etc? Por isto gostaria de reproduzir um pequeno trecho sobre o filme citado na Wikipédia:

"Dogville é a antítese do bom selvagem de Rousseau. Sequer os bebês são sem pecado, apenas talvez o cão, que esse nada fez contrariando sua natureza animal e permanece o filme todo "preso" em sua corrente.
Nos Estados Unidos muitos espectadores sentiram-se ofendidos, acusando Lars von Trier de antiamericano. O fato de ele jamais ter visitado os Estados Unidos e de fotografias do período da depressão e de pessoas miseráveis estadunidenses serem usadas durante os créditos finais, ao som da música Young Americans de David Bowie, não depuseram a seu favor.
Mas Dogville poderia ser uma cidade em qualquer lugar, em qualquer época."

Facebook Twitter Delicious Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha | Adapted by Demetryus